A mulher estava no chuveiro, ela deixava a agua morna tocar seu corpo e escorrer sob sua pele alva, pois, seu banho, propriamente dito, já acabara há tempos, mas ela permanecia ali, ela pensava e refletia sobre como as coisas haviam mudado tanto em um espaço de tempo tão curto.
A mulher saia do banheiro já vestida com seu macacão negro enquanto trazia uma toalha nos ombros, secando a agua que descia pelo seu pescoço quando um homem de jaleco branco falava com ela. Ele dizia que tinham um novo trabalho, ela deveria pegar um homem dessa vez, Zaky Rangel, não deveria mata-lo, mas ferimentos podiam ocorrer, e haveria uma bonificação se ele fosse levado desacordado. Ela disse ao homem que aceitava e correu a mesa da cozinha, pegando seu celular e calçando suas luvas, tão negras quanto o macacão, e foi até a porta de saída do apartamento calçando suas botas quando o homem abriu o elevador revelando sua moto negra e sem faróis, ele trazia também seu capacete. A única peça de sua vestimenta que não era negra, sendo ele amarelo, e com um “S” azul estilizado. A mulher pegou o capacete e o colocou enquanto montava na moto e ouvia o homem dizer que em breve lhe enviariam a foto e a localização de Rangel. O elevador desceu suavemente com a motoqueira e assim que a porta se abriu ela arrancou com a moto, ganhando as ruas rapidamente.
Ela conhecia as ruas, não demorara muito para conhecer as rotas e os caminhos melhores para correr, afinal, ela não tinha uma condução “segura”.
Enquanto corria ela recebeu a mensagem com a foto e a localização de Rangel, e com isso ela mudou a direção, correndo para aquela escola.
Ao chegar aos arredores do colégio era possível ver a quantidade de delinquentes e marginais que ali transitavam e se distraiam com praticas ilícitas, isso até ouvirem os sons de cascos e o relinchar de um cavalo e no portão surgia Selty, que saltava o mesmo após ter subido por um carro.
Ela podia ouvir os gritos dos jovens enquanto ela corria pelo pátio do colégio até o prédio principal. Ela sorria com aquilo, também a chamavam de “Cavaleiro negro”, porém não queria, nem podia rir no momento, tinha um trabalho a fazer.
Ela corria por dentro do colégio com sua moto, que estranhamente fazia sons de cavalo, isso até arrebentar a porta do terraço e correr até a frente de Zaky, saltando da moto, que ficara de pé sozinha, e em seguida Selty tirou seu celular da manga do macacão e digitou no mesmo.
- Zaky Rangel, não seja tolo, venha comigo agora ou não lhe garanto uma noite calma.